Terra - Um Planeta em Mudança

 

Uniformitarismo    

 

James Hutton (1726 - 1797)

 
 
Em Siccar Point nasce a Geologia Moderna
 

Os sedimentos mais antigos, silúricos, depositaram-se num fundo submarino com estratificação subhorizontal; isto é uma simples consequência da acção de gravidade no momento de deposição, como se pode verificar experimentalmente ou através de observação da sedimentação actual. Em seguida as forças de origem interna comprimem a estratificação horizontal, que é dobrada e levantada, acima do nível do mar. Dá-se depois a erosão dos sedimentos, com formação de uma superfície de aplanação, sobre a qual se vêm depositar os grés continentais do devónico em estratos subhorizontais; como a erosão e a sedimentação são lentas é obrigatório que o tempo necessário à geração de discordância angular seja longo. Sabemos hoje que será de ordem dos 20 milhões de anos no caso de Siccar Point.


Em Siccar Point, Hutton funda a geologia moderna.
Porquê ele e neste local?

Hutton era um observador fino; o interesse pela agricultura levou-o a tentar perceber a geração dos solos e das rochas que os originaram. Mas “os olhos não podem ver o que a mente não antecipa”; a observação tem que ser enquadrada por conceitos. Hutton tinha a visão mental que lhe permitiu reconstruir o filme dos acontecimentos em Siccar Point.

A Teoria do Uniformitarismo assenta em duas ideias-base:
 
a) os acontecimentos geológicos do passado são o resultado das forças da natureza idênticas às que se observam hoje em dia;
b) os acontecimentos geológicos são o resultado de lentos e graduais processos da Natureza;
 
As duas ideias-base do Uniformitarismo mais não são do que o princípio do Actualismo Geológico e o princípio do Gradualismo (ou Gradualismo Uniformitarista).
 

Catastrofismo

 
É uma corrente de pensamento segundo a qual as alterações que ocorrem na Terra são interpretadas como sendo a consequência de fenómenos súbitos causados por acontecimentos catastróficos.
  
Os desastres naturais impressionam o Homem desde os tempos mais primitivos, devido às mortes que provocam. Assim muitas narrativas religiosas sobre o mistério da génese referem cheias de grande amplitude, tal como, por exemplo, a Bíblia cita o Dilúvio. Pensa-se hoje que um desastre natural (cheia, sismo ou impacto de asteróide?), de grandes proporções, varreu a Mesopotâmia no quarto milénio antes de Cristo e está na origem da descrição do Dilúvio. A dimensão temporal nestas narrativas religiosas é geralmente curta; assim James Ussher em 1654 estima a data de criação do Universo em 4004 anos antes de Cristo. Esta cronologia rápida obriga a que a História da Terra decorra a um ritmo catastrófico.

No século XIX a controvérsia entre catastrofismo e uniformismo atinge um ponto alto. Cuvier (1769-1832) baseia o seu catastrofismo nas mudanças do registo fossilífero que indicam extinções curtas e violenta.



Gradualismo (Charles Lyell)


O Gradualismo é uma corrente de pensamento segundo a qual as alterações que ocorrem na Terra são interpretadas como sendo o resultado de acontecimentos que se desenvolveram de forma tranquilia, lenta e gradual.
A extinção das espécies corresponde ao desaparecimento de determinado grupo de organismos, ocorrendo, muitas vezes, de forma brusca e inesperada.
O uniformismo (dos autores de lingua inglesa) ou actualismo defende que os processos que actuaram durante a história da Terra são os mesmos que os processos actuais.
Na variante designada por uniformismo substantivo admite-se que a taxa de actividade dos processos possa ter variado no tempo, mas não a sua natureza. O principal defensor é Lyell nos “Princípios da Geologia” (1830).
Assim o passado é explicável pelo presente. A base do uniformismo resulta da aplicação ao passado da observação dos processos em acção; entre estes são os referentes à dinâmica externa os mais fáceis de observar e de quantificar. Assim a observação de que os rios transportam carga sólida permite atribuir à erosão fluvial a geração dos vales; e a quantificação permite estimar a taxa de actuação destes processos. Assim enquanto Lyell estimava uma idade mínima para a Terra de 300 Milhões de anos, com base na velocidade da sedimentação e na espessura de sedimentos acumulados desde os tempos mais primitivos, Kelvin (1852), com base no cálculo do arrefecimento do Sol, defendia que o Sistema Solar não devia ter mais de 21 Milhões de anos. O uniformismo foi-se impondo ao longo dos séculos XIX e XX.
Lyell teve mesmo uma influência decisiva na elaboração da teoria da evolução por Darwin.






 

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